Empresas de distribuição com indicadores de crescimento na área não alimentar, que não se verificavam desde 2008.
O sector do retalho apresentou sinais de retoma no terceiro trimestre do ano, "com um impacto mais evidente na área não alimentar pela primeira vez desde 2008". A informação foi divulgada hoje pelo presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, Luís Reis, num encontro com jornalistas.
Os números definitivos só serão conhecidos na apresentação do próximo barómetro de vendas da APED, mas Luís Reis especifica que nos dados já disponibilizados pelos associados - que representam "cerca de 75% do total do mercado" de retalho - as vendas no terceiro trimestre revelam crescimentos "em áreas como os livros, o vestuário ou os eletrodomésticos", que vinham apresentando sucessivas quebras acentuadas nos últimos anos.
"Este fenómeno de recuperação do consumo privado é um primeiro indicador que aponta no sentido da estabilização da economia. E é um indicador importante porque em todos os países que estiveram em crise e que depois recuperam, o aumento da procura interna é o primeiro indicador que antecipa a retoma económica", explicou.
Por isso, Luís Reis sublinha a necessidade de o próximo Orçamento do Estado, que será conhecido terça-feira, ser construído "de forma sensata e balanceada". "É certo que seria impensável não prosseguirmos o esforço de consolidação orçamental, mas tem de ser um orçamento amigo da procura interna e do consumo", defende.
Distribuição teve de investir dez milhões devido a nova lei
No mesmo encontro com os jornalistas, Luís Reis avançou ainda que as principais empresas de distribuição em Portugal tiveram de investir "mais de 10 milhões de euros" no último ano para comportarem as exigências da nova legislação do Governo sobre o regime de bens em circulação, e que inclui áreas como a desmaterialização de faturas e novas regras para as guias de transporte das empresas.
"Estamos obviamente alinhados com o Governo em tudo o que seja combate à evasão fiscal. Mas uma coisa são os objetivos das leis e outra a sua implementação e, neste caso, o Governo lançou um ónus adicional sobre as empresas, sem cuidar de adequar a sua colocação em prática È realidade empresarial", critica Luís Reis.
Além da necessidade de atualização de sistemas de informação - que superou os 10 milhões de euros -, depois de conhecida a versão inicial da lei e a sua aplicação, as empresas da Grande Distribuição tiveram ainda várias reuniões com membros do Governo e da Autoridade Tributária, para aperfeiçoar a sua aplicação.
Hoje, Luís Reis diz que, fruto desse trabalho conjunto, os problemas identificados inicialmente em áreas como a emissão de guias de transporte "estão muito reduzidos", pelo que espera que "esta performance se mantenha", agora que o período transitório de aplicação da lei - que suspendia a aplicação de coimas nesta área até 15 de outubro - está a chegar ao fim.
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